Uma das macro-zonas mais desenvolvidas do mundo, onde direitos avançados foram alcançados pelas respetivas populações, a Europa, e em particular a UE, atravessa um período de grande tensão econômica e social que não exlui a própria fragmentação do bloco.
É matéria à qual precisamos estar atentos pois trata-se do maior bloco econômico mundial, dele dependendo (ainda, malgrado a crescente pluralidade de novos pólos econômicos mundiais) em larga medida o progresso ou o retrocesso dos outros espaços, incluindo naturalmente o Brasil.
08/09/2012 - in ÉPOCA NEGÓCIOS ONLINE*
Pior ainda está por vir para Grécia e Espanha, diz ministro sueco
De acordo com ministro das Finanças da Suécia, relatório da troica irá revelar que grande parte das medidas de austeridade gregas não foram implementadas
O ministro de Finanças da Suécia, Anders Borg, acredita que o pior ainda está por vir em países como Espanha e Grécia nos próximos seis a 12 meses, afirmou ele em entrevista concedida neste sábado à Swedish Radio.
Borg aposta que o próximo relatório da troica - grupo formado por representantes da União Europeia (UE), do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Central Europeu (BCE) - sobre a Grécia mostrará que grande parte das medidas gregas não foi implementada.
Ele disse que o governo da Grécia pode ter votado pelas reformas, mas elas podem não ter sido implementadas pelas autoridades competentes. Para Borg, não se pode descartar que o FMI decida não seguir em frente com novos programas de reforma para os gregos, e então os países membros da zona do euro terão de decidir se estão preparados para fazê-lo.
"E eles podem decidir que sim. Mas, se os gregos então não fizerem o que deveriam, podem ter chegado ao fim da estrada [...] e terão de decidir se deixarão a zona do euro ou darão calote nos pagamentos. Não se pode descartar que deixarão a zona do euro em 6, 9 ou 12 meses", declarou o ministro sueco.
Embora reconheça que haja grande possibilidade de haver mais problemas ligados à Espanha e às economias regionais, Borg acrescentou que a situação dos espanhóis é bem diferente da Grécia.
Os avisos do ministro sueco surgem um dia depois que o PIB da Grécia, um indicador da pujança da economia, apresentou recuo de 6,3% no segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado.
Gregos descontentes
Milhares de manifestantes marcharam neste sábado nas ruas da cidade grega de Thessaloniki, no norte do país, marcando o primeiro protesto em massa contra as próximas medidas de austeridade do governo. De acordo com a polícia, mais de 15 mil pessoas participaram de cinco marchas diferentes convocadas por sindicatos e organizações de esquerda, enquanto mais de 3 mil policiais foram mobilizados em todo o centro da cidade para manter a ordem e fazer cumprir a lei.
Com a forte presença policial, os protestos foram pacíficos, com os manifestantes gritando slogans contra os cortes e carregando faixas que traziam escrito: "Pare com as políticas neoliberais."
As marchas são o primeiro teste real do sentimento popular desde que o governo de coalizão formado por três partidos assumiu o poder depois das difíceis eleições de junho. As manifestações também surgem num momento em que representantes da troica - um grupo formado por União Europeia (UE), Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Central Europeu (BCE) - chegam a Atenas para negociar mais cortes dolorosos.
A troica se reine neste fim de semana na capital grega para avaliar o progresso das reformas feitas pela Grécia e determinar se o país se qualifica para receber a próxima parcela de ajuda multibilionária. As negociações ocorrem após a pausa de verão e devem durar até o fim de setembro.
No topo da agenda, estarão os cortes orçamentários de 13,5 bilhões de euros (US$ 17,1 bilhões) que a troica exige que o governo grego faça em troca da última fatia de socorro no valor de 173 bilhões de euros. Tais reduções de gastos elevaram a taxa de desemprego na Grécia para um recorde de 24,4% em junho e reduziram o poder de compra dos assalariados para patamares que não eram vistos desde 2003.
Na manhã deste sábado, o primeiro-ministro da Grécia, Antonis Samaras, inaugurou a feira anual de comércio internacional na cidade de Thessaloniki, prometendo que não haverá mais medidas de austeridade no futuro. "Esses são os últimos cortes", disse o premiê grego.