O modelo de desenvolvimento seguido, é matéria de transcendental importância e que deve estar sempre na agenda duma nação, a ver e rever, sem tabus nem preconceitos.
O Brasil deu um grande salto nos últimos 15 anos, isso é fato.
Milhões de brasileiros até então condenados ao ostracismo e afastados dos consumos de uma economia moderna, puderam através do aumenjo de sua renda, acessar ao estatuto de classes médias e fazer com que o país se tornasse a 6ª ou a 7ª economia mundial.
Dum modo geral tem-se atribuído o mérito desse sucesso a algum dos líderes na presidência, ou a FHC ou a Lula.
É matéria que se deve discutir no plano dos fatos, ao invés de assumir posição em base partidária ou de tendência ideológica. Cada qual teve seus méritos, desde o plano real até à PAC - não esquecendo o relevante papel de Itamar Franco no primeiro.
Porém, deixo no ar uma pergunta: não fora a evolução espontânea da economia mundial, o impressionante crescimento da China e da Ásia em geral, nomeadamente, com a consequente subida acentuada das commodities, e teria o Brasil alguma chance de progresso nessa última década e meia?
A resposta parece óbvia.
Não se tire mérito aos políticos. Mas não se faça deles os autores desse mundo e do outro. A verdade é que as economias modernas, principalmente as inseridas no mercado global como é o caso do Brasil, dependem muito mais dos fatores objetivos que dos subjetivos em sua evolução.
In Carta Capital:
Roberto Amaral
Industrialização do Brasil
Um Brasil industrial ou exportador de grãos?
Há ingênuos e gente sabida para todos os gostos e preferências e interesses, nacionais ou não. Para os muito ingênuos, nosso destino está resolvido como futuros exportadores de óleo cru, como a Venezuela (que fornece aos desenvolvidos, EUA à frente, quantidades fabulosas de petróleo, para tudo importar, inclusive legumes; país riquíssimo afundado na mais primitiva estrutura econômica), como o Iraque, como o Irã, ou a Arábia Saudita, ou os Emirados Árabes e outros. Agora, pergunto ao leitor: Você conhece algum grande exportador de petróleo que se tenha transformado em uma grande nação?
A muitos ingênuos (ou sabidos demais) também parece irrelevante que nossas empresas de apoio à produção do pré-sal estejam sendo vendidas, como estão, uma a uma a grupos multinacionais. Parece-lhes a coisa mais natural do mundo nosso destino imediato como principal fornecedor de óleo para os EUA, substituindo a ‘inconfiável’ Venezuela de hoje e o turbulento e caro mercado árabe, que tantas guerras e intervenções caríssimas exige do maior exército do mundo.
Para esses ingênuos, não é espantador nosso futuro de reféns dos interesses estratégicos dos EUA.
Por outro lado, os “muito sabidos” desdenham da industrialização, de seu papel não só econômico-social, como estratégico. Peço ao leitor a indicação de algum grande país, alguma nação rica e desenvolvida cuja economia dependa, tão-só, da roça ou do agronegócio. Dito de outra forma: qual o país moderno que se desenvolveu sem que se tenha industrializado?
Se o nosso país, de 2003 para cá, redescobriu que o binômio ciência e tecnologia é a chave do desenvolvimento, descobriu igualmente que a industrialização é que capilariza a inovação e o progresso técnico, levando o desenvolvimento para a população como um todo. No entanto, há os que, em pleno século XXI, redescobrem a “vocação agrícola” do Brasil como o antígeno da industrialização. Esses desdenham dos que falam em “desindustrialização”, quando o fato objetivo é que a participação da indústria de transformação no PIB nacional, que no início dos anos 80 era de 33%, caiu, em 2010, para 15,7%.
Há os que desdenham da desnacionalização da indústria sobrevivente, mas o fato objetivo é que, só no primeiro semestre deste ano, 167 empresas privadas brasileiras foram compradas por multinacionais, em sua maioria com sede nos EUA (são dados da Pesquisa de Fusões e Aquisições, da consultora KPMG). As empresas brasileiras desnacionalizadas estavam preponderantemente nas áreas de serviços para empresas, tecnologia da informação e produtos químicos e farmacêuticos, mas a desnacionalização ocupa espaços crescentes também na agroindústria do etanol e na química baseada na energia vegetal, áreas que identifico como estratégicas.
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Brasil só deve recuperar a 6ª posição entre os maiores do mundo em 2015
Daniela Amorim, da Agência Estado
Até lá, o Reino Unido mantém o sexto lugar e o Brasil permanece um passo atrás, em sétimo, segundo levantamento da Austin Rating RIO
- O Brasil só deve recuperar a sexta posição no ranking das maiores economias do mundo em 2015. Até lá, o Reino Unido mantém o sexto lugar e o Brasil permanece um passo atrás, em sétimo, segundo levantamento da Austin Rating, preparado a pedido da Agência Estado. O estudo levou em consideração as estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI) tanto para a expansão do PIB quanto para o câmbio, de 2012 a 2015.
A economia brasileira cresceu menos do que o esperado em 2012, mas o câmbio teve um papel considerável na perda de posição do País no ranking das principais economias do planeta. Enquanto houve forte desvalorização do real frente ao dólar, a libra esterlina sofreu valorização em relação à moeda americana. O cenário não deve se alterar até o fim do ano, a menos que haja uma inversão na tendência do câmbio ou que a economia brasileira cresça mais do que os 2,5% esperados pelo FMI, e a economia britânica fique abaixo dos 0,2% de expansão no ano.
"A diferença entre o PIB do Reino Unido e do Brasil é bem pequena, de US$ 2,929 bilhões. O FMI fará uma revisão nas estimativas no fim de setembro. O Brasil até pode manter a posição conquistada (a 6ª posição), mas desde que o câmbio mude ou que a previsão para o crescimento do Reino Unido também", calculou Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, responsável pelo levantamento.
Agostini explica que o FMI estima uma desvalorização de 10% do real frente ao dólar em 2012, seguida de uma desvalorização média de 3,5% até 2015. Já para o Reino Unido, o FMI projeta uma valorização de 2% da libra esterlina sobre o dólar em 2012, seguida de uma desvalorização média de apenas 0,1% até 2015. Paralelamente, o fundo estima um crescimento de 2,5% do PIB brasileiro em 2012, e de 0,2% para o Reino Unido no ano.
"Nesse caso, os dados praticamente se anularam", contabilizou Agostini.
Entretanto, para o período de 2013 em diante, enquanto a projeção do Brasil fica relativamente estável, em 4,1%, a estimativa de avanço no PIB para o Reino Unido sobe para 2,0% em 2013, 2,5% em 2014, e 2,6% em 2015. "Ou seja, mesmo o PIB do Brasil subindo de 2,5% em 2012 para 4,2% em 2013, a perda da desvalorização da moeda nacional é maior do que a do Reino Unido.